domingo, 4 de dezembro de 2011

Monocerotis


Apesar de não estar sentindo muito: continuo só. Dentro de poucos dias completará duas décadas que me dedico a apenas uma coisa que é não ser em todo uma pessoa sozinha. Mas talvez dentro de mais alguns pares de décadas conseguirei. (Embora quase desistindo ainda acredito.). Quando recém nascido chorava na minima ausência dos meus pais.Depois de andar chorava no portão quando meus pais me deixavam na casa da minha avó. Chorava e soluçava muito, até dormir. Eu já me sentia muito sozinho. Quando aprendi a ler e resolver algumas contas de matemática. Chorava por me sentir carente de atenção e prestigio após o nascimento de minha irmã. Aos doze anos, iniciando a purberdade e no surgimento de uma paixonite, a primeira paixonite e o primeiro beijo. Chorei de saudade de um amor platônico. A essa altura pensava já ter superado a decepção dos meus pais para comigo, até que tsunamis de críticas me fizeram chorar muito. Chorei por Deus. Chorei por sentir falta de mim. Chorei de alegria quando me reencontrei. Chorei por saudade de chorar pela ausência dos meus pais. Chorei por saudade de muitos. Chorei por não ter amigos. Chorei muito por não ter amigos. Só choro por não ter amigos.
Choro por não ser quem meus pais planejavam. Choro muito por ser diferente do que todos pensam. Choro demais por quem está longe. Choro pois qualquer um não me ama o quanto eu vivo amando por aí. Voltei a me apaixonar e adoraria ter chorado. Choro quando bocejo.

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