sábado, 10 de dezembro de 2011

Uma tulipa religiosa

Em determinado momento da vida, você fica fissurado pelas Tulipas e quer muito tê-las no seu jardim, você move céus e terra e fala da mesma coisa sempre. Tulipas são sua vida. E na sua vida precisa muito ter tulipas exuberantes e até que um dia você consegue. Na vida você conhece novas crenças e fica convencido de que aquilo é ótimo, você vive por aquelas crênças e respira todos os credos que foram lhe ensinados, até que você um dia tem as crenças na sua vida. Mas acontece o mesmo com tulipas e crenças, você uma hora percebe que consegue viver sem elas, basta se concentrar em outra coisa, num projeto do trabalho ou na pintura da casa para esquecer das tulipas e com as crenças não é diferente: basta um bom suspiro de questionamentos para você mudar pro lado oposto.
Hoje estive no antigo lado meu. Encontrei diversas pétalas da tulipa que eu fui. Que eu plantei e reguei durante alguns anos. Confesso que quis ter minhas tulipas de volta, mas no meu quintal há concreto hoje. Não há espaça para novas plantas, restaram pouquíssimas. Retirar tudo e restaurar uma quantidade de terra no meu quintal é possivel. E é o melhor caminho para matar minha sede de tulipas. Mas será de acontecer mais uma vez d'eu perceber que vivo bem mesmo sem as exuberantes tulipas? Isso me cansa, me desculpem as tulipas e os jardineiros que as adoram tanto quanto. Mas me sinto na obrigação de pensar bem antes. O meu amor pelo jardim de tulipas era imenso, era o meu troféu, era o meu quintal. E no fim se tornou desimportante, o descaso da minha parte era constante e só permanente até hoje. Pois hoje me deparei com vários jardins de tulipas, rosas e amarelas e vermelhas. Soube que sistematicamente algumas pessoas conseguem ficar a vida inteira amando tulipas, amando sem parar. Mas isso é saudável? Acredito que existem advertências para isso sim. Salvando o mundo com tulipas. Foi o que eu fazia todos os dias ao regar aquele jardim. Mas quando na verdade, fazia aquilo (regar as tulipas) só mesmo pra ser considerado um vizinho com bom gosto, o dono de um belo jardim. Eu me escondia atras das tulipas, não era meu nome eram as tulipas que ele cuida. Eu não era mais alguém, eu era de um rótulo e só. Mas depois eu deixei de amar as tulipas e fiquei sem crênças e estou construindo minhas próprias crenças longe de jardins, longe de opiniões e dogmas. Só eu e meu jardim. Que será feito de qualquer planta, mas que terá uma visão particular extraordinária. Eu sinto muito para os demais.

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