sábado, 5 de novembro de 2011

Salvando vidas

Mauro é salva vidas, é um bem aparentado jovem. Mas nas horas vagas ele é ladrão. Adora furtar nas horas mais inconvenientes, Mauro antes de ontem roubou um brinco de uma senhorita que estava a se afogar e ele salvou a vida e roubou o brinco. Um só, nem roubou o par. Pois furtar é de uma glória imensa pra qualquer pessoa capaz de sentir prazer, roubar é arrancar as unhas consciente e só sentir prazer nisto, roubar é canibal, é um exorcismo da vitória, é tirar toda adrenalina de ser vitorioso em um instante. Roubar vicia. Sérgio é cirurgião cardio torá-xico , seu trabalho é viver e seu hobbie preferido é realizar cirurgias. Viver é uma obra de um trabalho imenso, quando recebemos a incubencia de viver um fim de semana, de viver um mês de férias. É algo quase impossível para o ser humano, é sim desumano viver! Ser curado de uma doença é um desastre que acontece em meio a alegria, e ninguém percebe. O curado coitado, terá por obrigação viver bem vivido o tempo futuro. Quando ele ia se aposentar de seus oficios de pai, filho, irmão e dane-se o resto, ele é o que? Curado! E volta a tona todas as atividades. Mas Mauro precisava ser curado! Apesar de jovem, ele tinha problema de coração. Seu convenio de saúde infelizmente não cobria.
Mauro viveu uma adolescência muito desregrada, que resultou em problemas de saúde que se complicaram com o decorrer do tempo. Mauro não perdia festas de aniversário, formaturas, perdia nada. Qualquer carnaval fora de época ele estava presente, junto com seu amigo Eder, eles rodaram todas as cidades vizinhas em busca de farras. Eder por sua vez, apesar de festeiro tinha um pouco de preocupação com seu futuro, e por isso estudava, não era o melhor da classe mas era o melhor amigo de Sergio desde a infância, e Eder pediu a Sérgio para fazer a cirurgia de Mauro. Ás vezes a amizade salva. Mas só as vezes, na maioria das vezes a amizade traumatiza e insensibiliza. Mas dessa vez não. Dessa vez a amizade levou Mauro até a sala de Sérgio.
Sérgio chegou cedo nesse dia no consultório, queria dedicar o seu melhor a esse paciente, pois era amigo do seu melhor amigo. Sérgio, chegou ao consultório usando sapatos pretos, com uma pequena, fina e simpática fivela do lado esquerdo dos pés. Uma gravata lindíssima vermelha, sob uma camisa que ganhou de presente de Eder no seu último aniversário. Ele realmente preza muito essa amizade. Chegou, olhou o rélogio e enquanto liga o computador, pôs o celular na mesa, um celular pequeniníssimo, sofisticado e de uma aparência muito suave. Lia as noticias do dia no computador e o telefone tocou avisando a chegada de Mauro no consultório, ele pediu que Mauro entrasse até a sua sala e foi o que aconteceu.
- Olá
- Olá!
- Prazer Mauro!
- Prazer é todo meu Sérgio!
Conversaram sobre o problema cardíaco de Mauro, e sobre a amizade de ambos com Eder. Se despediram, Mauro precisava fazer outros exames e Sérgio faria duas cirurgias ainda neste dia. No dia seguinte, Mauro fez uns exames, e Sérgio fez a mesma coisa do dia anterior, mas com sapatos e gravatas diferentes. E enquanto Sérgio fazia cirurgias pra se distrair do mundo, Mauro fazia seus pequenos furtos pra se distrair no mundo.
Eis que chegou o dia em que Mauro já havia feito todas as cirurgias, e foi levar até Sergio, que chegou no consultório do mesmo jeito, e na sua sala do mesmo jeito, com sapatos e gravatas diferentes, Mauro entrou e estava super nervoso, pois se aproximava o dia da cirurgia, e desta ele tinha muito medo. Bastou Sérgio ir até a recepção entregar o aviso para a equipe de cirurgia com a data da cirurgia de Mauro, para Mauro roubar o celular de Sérgio. Sérgio voltou e notou a falta do celular. Ficou encabulado de acusar Sérgio, pois era o único que tinha visitado a sua sala. Decidiu que iria ligar para o seu próprio número e descobrir que tinha perdido o celular, saío da sala e Mauro pensou que ele iria fazer exatamente isso. Portanto desligou o aparelho. Mauro se aborreceu um pouco, e pedio o acionamento da segurança. Mauro não queria se desconcentrar do seu furto e voltar a pensar na cirurgia de jeito nenhum, mas se ele fosse pego com o celular seria cancelada a cirurgia e comprometida a amizade com Eder. O médico saiu para acionar a segurança, enquanto isso Mauro decidiu que seria melhor engolir o celular e fez isso. Engoliu. Engoliu e quis acreditar que isto jamais faria mal à sua problemática saúde. Esse foi o seu maior momento de adrenalina, ele nunca havia gozado assim. Ele gemeu de satisfação! Ele se contraia de tamanha imensidão! Era como se o melhor terraço da cidade, o mair alto, o mais amplo, o mais estupendo pertencesse a ele. Somente à ele e sua irradiante alegria. O pobre cirurgião acionou a segurança, que revistou todos no andar e não encontrou o bendito aparelho em sua altíssima sofisticação. Mauro partiu pela porta do hospital extremamente radiante. Partiu e voltou.
voltou um mês depois, dois dias antes da cirurgia. Neste momento da vida ele se encontrava num estado impossível. Estava totalmente nervoso e ansioso. Antes, seria impossível chegar aos momentos finais da cirurgia sem sequer rodopiar pelo seu hobbie. roubava a todo instante, até sem perceber roubava, logo ele percebeu que roubar já não lhe distraia tanto quanto antes. Houve um certo desespero da sua parte, em se encontrar com esse sentimento tão deprimente. E não faço ideia do que ele fez pra se sentir melhor. Mas sei que ele, entrou na sala do médico e furtou outro celular. Algo que deixou o médico enfurecido e desrespeitado, não passava pela mente dele que ele também era um ladrão. Ao fazer cirurgia, ele roubava das pessoas algor que foi Deus quem pôs alí. Creio que o leitor não concorda comigo, e nem mesmo eu concordo com isso. Mas se for visto de um modo grosseiro, é isto! O leitor gostaria que o Sérigio usasse de empatia para entender os furtos Mauro? Então também poderíamos pensar como fanáticos religiosos um pouco?
Pode deixar não serei tão rude contigo! É realmente demais pedir para pensar um pouco como alguém que se explode no meio de outras pessoas, ou que repudia um vizinho por suas opções e preferencias. Enfim, durante dois dias Sérgio pensou no seu aparelho celular, pensou em Mauro e pensou pouquissímo em Eder. Pensou sim na possibilidade de Maurto ter ingerido o aparelho, e se sentiu cruel por pensar nisto. Mas cruel foi a cirurgia de Mauro.
Sérgio disfarça muito bem sua curiosidade em saber se Mauro havia ou não engolido guéla adentro seus dois aparelhos. A cirurgia foi feita. E toda a equipe se preparava para finalizar. Sérgio não está resistindo. Sérgio é viciado em cirurgias, em cortar, em rasgar. Sérgio "ama a justiça". Mauro é viciado em furtos. Mauro e Sérgio. Sérgio é Mauro. Sérgio pega o bisturi e encontrou o celular no estomago de Mauro. Não ficou surpreso, antes ficou contente por deixar nele mais uma cicatriz. Eu não faço ideia de como ficou a situação deles dois. Não sei se Mauro foi preso, não sei se Sérgio errou pelo bonus cirurgico. Não sei. Na verdade sei. Mas não irei te contar hoje. Contarei até cem vezes antes de dizer sobre a inutilidade de determinados oficios. Contarei até mil antes de apontar a qualquer ladrão, cirurgião. É tudo muito humano. Todos os homens na terra e os que estão abaixo dela, tem ou tiveram motivos pra tudo. Quem teve de roubar, foi por algo. Se tão somente eles tivessem habilidade de se expressar: se justificariam muito bem. E eu entenderia. Mas é de um trabalho imenso entender fanáticos. Desculpem-me o rótulo. É um trabalho improdutivo por vezes. Simplismente não consigo. Sigam a vida ladrões, sigam a vida qualquer que seja o seu feitio. No fim, cada um terá apenas um vício, apenas um estimulo: Fechar os olhos com um ponto final.

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